Patrimônio e Memória: Explore detalhes maravilhosos do acervo do Palácio da Liberdade

O Programa Educativo e o Setor de Comunicação do Palácio da Liberdade apresentam série de conteúdos educacionais com curiosidades e informações sobre objetos, pinturas, esculturas, personagens e histórias, verdadeiros tesouros do acervo material e imaterial do espaço.

Em maio e junho, a websérie Patrimônio e Memória trouxe apresentações sobre Tiradentes, a história do inconfidente mineiro e as obras dedicadas a ele, no Palácio da Liberdade. E também sobre os painéis de Antônio Parreiras, no teto do Salão de Honra do prédio. Em postagens anteriores, já foram abordados os tetos de Papel Collé ou Papel Marchê, a técnica de Rocaille aplicada nos Jardins, a escadaria e o piso de Parquet

Tiradentes e o Palácio da Liberdade

Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi um militar (alferes) que viveu em Minas Gerais no século XVIII, época em que o Brasil era mais uma colônia portuguesa. Ele ficou conhecido por ter lutado e sacrificado a própria vida pela liberdade do povo mineiro e pela independência do Brasil, protagonizando a Inconfidência Mineira. Mas será que sempre foi visto assim, como hoje, Herói Nacional? 

A Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi um movimento que buscava a independência de Minas Gerais e a proclamação de uma República. Os envolvidos foram denunciados e processados por crime contra a autoridade do rei. Por isso o movimento ficou conhecido como “Inconfidência”, ato de traição e infidelidade contra a monarquia.

Durante mais de 100 anos, enquanto se manteve a monarquia no Brasil, Tiradentes foi considerado criminoso e traidor. Somente após 1889, com a Proclamação da República, ele passa a ser visto como herói da nação brasileira. Em 1890, o 21 de abril, data de sua morte, tornou-se feriado nacional.

Mas onde entra o Palácio da Liberdade? O Palácio começou a ser construído em 1895, com a nova capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, seis anos após a Proclamação da República. Criado para sediar o governo do Estado, o Palácio da Liberdade é repleto de símbolos relacionados à Conjuração Mineira, como a própria bandeira de Minas Gerais, que tem o lema do movimento.

Tiradentes não foi retratado em vida, mas diversos pintores se empenharam na construção de sua imagem. Duas representações de Tiradentes se popularizaram: uma, fardado, em seu papel de militar e outra com cabelos e barba longos, no momento de sua morte, clara alusão à figura de Jesus Cristo.

O acervo do Palácio da Liberdade possui obras com as duas representações, no Salão de Retratos, além de uma medalha da Inconfidência, a mais alta honraria concedida pelo governo mineiro a personalidades que contribuíram com o prestígio do Estado.

Nos Jardins do Palácio também existe um busto de Tiradentes com o rosto sério e imponente, olhando convicto para o horizonte, como se visse a vitória da liberdade no futuro.

O tema da liberdade é um dos muitos pontos que ligam a Inconfidência Mineira, a República Brasileira e a construção de Belo Horizonte. No Palácio da Liberdade, estão preservados diversos símbolos que contam essas histórias e merecem nossa atenção e reflexão.

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Painéis de Antônio Parreiras

Ao entrar no Salão de Honra do Palácio da Liberdade, impossível não ser impactado com a monumental obra de Parreiras, de seis metros de largura por quatro de altura, decorando o teto. Datada de 1925, a obra foi encomendada pelo governador Melo Viana. Ela traz a figura do deus grego, Apolo, acompanhado de 12 representações femininas. Provavelmente ele seja familiar aos conhecedores de mitologia grega, como o deus Sol, que traz o dia. Apolo também era uma divindade associada a muitas outras áreas, incluindo a música, a poesia e a cura. Apolo também simboliza harmonia e razão, ordem e clareza. Essas qualidades estão intimamente relacionadas ao pensamento republicano e positivista do final do século XIX, época em que o Palácio da Liberdade foi construído. Na pintura, Apolo conduz uma carruagem puxada por cavalos, símbolo de movimento, energia e força. Essas características estão naturalmente ligadas à ideia de avanço e desenvolvimento, representando a ordem e o progresso.

Compondo a decoração do espaço, Parreiras também pintou quadros que representam as grandes artes, com representações femininas dedicadas à pintura, escultura, literatura e música. A representação da literatura, em particular, é interessante: ela carrega o livro “Iracema” de José de Alencar, clássico do Romantismo brasileiro. E aqui, podemos perceber uma das principais características desse pintor: a valorização da arte brasileira. 

Antônio Diogo da Silva Parreiras, nascido em 1861, foi aluno da Academia Imperial de Belas Artes, instituição criada por Dom João VI em 1826, no Rio de Janeiro. Sua ótima reputação como artista foi confirmada ao receber a visita do imperador Pedro II, em sua exposição de 1886. Várias de suas telas foram adquiridas pela Princesa Isabel, transformando a carreira do pintor.

Em Belo Horizonte, sua trajetória começou com o governador Raul Soares encomendando uma tela sobre a Revolta Mineira de 1720. No entanto, na entrega do quadro ao Governo de Minas Gerais, Raul Soares já não estava presente. Foi o governador Melo Viana quem recebeu a obra, aproveitando a oportunidade para encomendar a Parreiras algumas pinturas destinadas ao que era chamado de Salão Nobre do Palácio da Liberdade. 

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Próximo vídeo: Painéis de Frederick Steckel

O próximo vídeo da série Patrimônio e Memória abordará os painéis de Frederick Steckel, presentes no Hall da Escadaria do Palácio da Liberdade. 

Steckel foi um pintor alemão, naturalizado brasileiro, conhecido por pintar diversos prédios oficiais do Rio de Janeiro. Quando Belo Horizonte estava sendo idealizada, foi convidado para integrar a Comissão Construtora da Nova Capital. A inspiração principal de sua obra, no Palácio da Liberdade, foram os ideais republicanos, com forte influência da Revolução Francesa. Sempre que alguém subisse as escadas do Palácio, veria os valores e ideias importantes para Minas e a Nova República. Steckel pintou quatro alegorias no topo da cúpula: a ordem, o progresso, a fraternidade e a liberdade, que nomeia o prédio. 

Será possível conferir mais sobre a obra e o significado de cada alegoria no próximo vídeo da websérie Patrimônio e Memória, que será publicado nas redes sociais do Palácio da Liberdade.

A visitação e a programação educativa/cultural do Palácio da Liberdade contam com patrocínio master da Copasa, realização do Governo do Estado de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Fundação Clóvis Salgado e do Circuito Liberdade. A correalização é da APPA – Arte e Cultura, através do Termo de Parceria firmado em 2023. As atividades culturais do Palácio da Liberdade integram o programa Minas Criativa.

Foto: Poly Acerbi