Conheça 5 detalhes que podem tornar sua visita ao palácio enriquecedora

Do piso aos detalhes decorativos, passando pela magnífica escadaria, tudo no interior do monumento revela um trabalho cuidadoso e artístico de mãos que construíram o Palácio da Liberdade

Antes de visitar o Palácio da Liberdade, é recomendável aguçar os sentidos. A arquitetura eclética do monumento da Praça da Liberdade, projetado pelo arquiteto José de Magalhães, tem muitos detalhes e belezas estéticas que contam uma história, revivem o passado e revelam técnicas construtivas e o gosto de uma época. Há inúmeros requintes de acabamento e riqueza de elementos decorativos que são resultado de cuidadosos trabalhos desenvolvidos manualmente. Portanto, “treinar” o olhar é muito importante. Inaugurado em 1898, o Palácio da Liberdade recebeu influência de ideais da Revolução Francesa. Principalmente, devido à presença de alguns desses discursos no pensamento político da Primeira República.

Na nossa série Patrimônio e Memória, no Instagram (@palaciodaliberdademg), destacamos alguns desses elementos que tornam a “viagem” pelo interior do palacete eclético uma experiência não apenas curiosa, mas recheada de novidades e conhecimento.

Rocaille

A técnica artística chamada Rocaille faz uso de cimento armado para simular formas e texturas de elementos naturais, como cipós e troncos de árvores. Esse trabalho pode ser encontrado no quiosque, na gruta, no orquidário e no banco dos Jardins do Palácio da Liberdade. O projeto tem autoria do francês Paul Villon, paisagista e mestre cascateiro (como são chamados os artistas de Rocaille) que também foi responsável pelos jardins da Praça da Liberdade.

Papel Machê

O Palácio foi concebido como um marco do ecletismo, estilo arquitetônico que dominava Belo Horizonte na época de sua criação. Um dos artistas por trás da ornamentação do Palácio foi Frederico Steckel, que explorou uma variedade de técnicas e materiais distintos, incluindo a do Papel Collé. O Papel Collé é uma derivação do Papel Machê, que envolve a sobreposição de camadas de papel, cola animal e água em um molde, tendo o intuito de criar formas e relevos. Ao observarmos e admirarmos essas obras de arte, somos transportados! Os tetos de Papel Collé do Palácio da Liberdade não são apenas decoração, mas sim um testemunho das artes manuais e presentes na construção do Palácio.

A escadaria

Protagonista do Hall de Entrada, ela foi produzida por uma oficina belga, a Acière Bruges, localizada na Alemanha e trazida para o Brasil. Esse sistema desmontável, que lembra um jogo de peças de encaixe, era considerado um grande avanço tecnológico na época! Compondo o estilo art-nouveau, seus corrimões são minuciosamente trabalhados em ferro batido, uma técnica de aquecimento do metal a altas temperaturas seguida pela moldagem do material através de martelamento ou prensagem. As formas florais e desenhos que compõem sua decoração recebem o nome de ornamentação fitomorfa. A escadaria de ferro fundido do Palácio da Liberdade está no prédio desde sua inauguração em 1898 e é mais do que uma simples passagem. Ela é um símbolo de beleza, história e engenharia que continua a inspirar e encantar até os dias de hoje.

Piso em parquet

Quem já visitou o Palácio da Liberdade deve se lembrar que no segundo andar é obrigatório transitar pelos tapetes vermelhos, uma medida de preservação do piso de Parquet. Criado da França, o Parquet é feito de lâminas individuais de madeiras formando desenhos. Os pisos no Palácio são originais de 1898 e têm lâminas de madeira mogno e imbuia, de cores diferentes, organizados em padrões geométricos e florais. A magia por trás desse piso é obra do marcheteiro, um artesão especializado na ornamentação de superfícies. Cada lâmina é cuidadosamente montada à mão, uma a uma, até que os desenhos planejados ganhem vida. Ao observarmos o Parquet e conhecer o trabalho por trás de sua execução, torna-se evidente que este piso é uma verdadeira obra de arte! Ele é mais um dos elementos que tornam o Palácio da Liberdade único.

Estuque

Utilizado desde a antiguidade até o início do século XX, o estuque é formado por madeira, gesso, cal e areia. Os romanos utilizavam a técnica para cobrir pilastras e colunas de templos e termas. Com sua difusão, ela extrapolou a função de revestimento e também foi empregada para vedação, forros e ornamentos. O estuque chegou ao Brasil com a missão francesa e foi usado com frequência na arquitetura até os anos 1930, sendo um dos mais expressivos estilos arquitetônicos do acervo edificado brasileiro. No Palácio da Liberdade, ele desempenha um papel fundamental na composição de uma variedade de ornamentos internos, tornando-se uma característica muito presente na sua arquitetura. Essa técnica ganha vida através das habilidosas pinturas de marmorização que simulam com maestria elementos naturais.

Fotos: Poly Acerbi