O Programa Educativo e o Setor de Comunicação do Palácio da Liberdade apresentam a série Patrimônio e Memória, com conteúdos educacionais, curiosidades e informações sobre objetos, pinturas, esculturas, personagens e histórias que compõem o acervo material e imaterial do espaço.
Em julho e ainda em agosto, o público pode conhecer melhor as obras de Frederico Steckel no Hall da Escadaria e a pintura de Santos Dumont feita por Maria Luiza, exposta na Sala de Retratos. Confira:
Painéis de Frederico Steckel no Hall da Escadaria
Steckel foi um artista alemão, naturalizado brasileiro, que morou por 30 anos no Rio de Janeiro. Lá ganhou renome na arte decorativa. Depois de várias de suas obras figurarem em prédios oficiais do Rio de Janeiro, Steckel recebeu o convite para integrar a Comissão Construtora da Nova Capital mineira, Belo Horizonte.
No final do século XIX, uma nova capital seria perfeita para representar um Brasil recentemente republicano: assim, a original Cidade de Minas (1893), a futura Belo Horizonte (1901), representaria os ideais de ordem, progresso e modernidade.
Steckel foi incumbido de criar os painéis que decoram o Hall da Escadaria. A recomendação foi de que eles fossem nada menos que exuberantes! Assim, todas as vezes que alguém subisse as escadas do Palácio do Governo, veria os valores e ideias mais importantes para Minas e para a Nova República.
O alemão pintou quatro alegorias no topo da cúpula: a ordem, o progresso, a fraternidade e, claro, a liberdade que nomeia o prédio.
Mas você sabe o que são alegorias? Imagens que retratam pensamentos. Não são símbolos que passam uma ideia clara e direta, como por exemplo, uma placa de “proibido nadar”. As alegorias são mais complexas e detalhadas, permitem interpretações e análises mais profundas. Que tal olharmos com atenção para as alegorias do Palácio?
Na Alegoria da Ordem, temos a Liberdade retratada como uma mulher segurando os escudos de Minas Gerais e de Belo Horizonte, enquanto um homem toca uma trombeta para anunciar a nova ordem. Se observarmos com atenção, podemos ver o detalhe de um horizonte na metade do medalhão, possivelmente uma alusão a Belo Horizonte.
Já na Alegoria do Progresso, em frente à Ordem, uma jovem, em carruagem puxada por três cavalos. Ao fundo, belo querubim segura uma guirlanda, representando a ordem e o progresso, lemas na bandeira do país.
Na Alegoria da Fraternidade, outra figura feminina acompanhada dos símbolos de sabedoria e glória. Abaixo, duas figuras masculinas, com mãos entrelaçadas, simbolizando o conhecimento e a força, inspiradas na mitologia greco-romana.
Enfim, a Alegoria da Liberdade. Nela, um retrato da abolição da escravatura. Vale lembrar que essas pinturas foram feitas entre 1899-1903, muito próximas à abolição, em 1888. Vemos uma figura feminina erguendo as correntes dos escravizados libertos. Contudo, há um detalhe curioso: apenas o homem é liberto, a mulher continua no chão, acorrentada.
Viram como as alegorias nos convidam a reflexões e interpretações? Essas são apenas algumas das possibilidades. Convidamos vocês a contemplarem essas figuras com olhos curiosos, construindo suas próprias interpretações!
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Santos Dumont e o Palácio da Liberdade
Alberto Santos Dumont, também conhecido como “o pai da aviação”, nasceu em 20 de julho de 1873. Mineiro, passou a infância no sítio de Cabangu, localizado na cidade de Palmyra, atual Santos Dumont. Depois mudou-se para Ribeirão Preto, São Paulo. Filho de um engenheiro francês, o pai de Santos Dumont teve papel importante na história do inventor. Assim, desde a infância ele estudou no Colégio Culto à Ciência, onde teve os primeiros contatos com a física. Já na adolescência, Santos Dumont começou a se apaixonar pela aviação e projetava pequenos balões de ar.
Seu pai faleceu e Santos Dumont mudou-se para Paris com parte da herança. Em 1898, ele fez um primeiro voo com o balão “Brasil”, marcando sua estreia na aeronáutica. Apenas três anos depois, em 1901, ele alcançou prestígio internacional ao ganhar o prêmio Deutsch (fala-se doiti), por seu Dirigível N°6, que venceu uma competição, contornando a Torre Eiffel em 29 min e 30 seg.
O inventor não estava satisfeito em voar com dirigíveis mais leves que o ar. Assim, em 1906, participou de competição que desafiava o voo com um aeromodelo mais pesado que o ar, subindo sem ajuda de qualquer recurso; rampa ou catapultas. O famoso 14-Bis realizou o primeiro e comprovado voo de um aeromodelo mais pesado que o ar.
Você sabia que a primeira mulher a pilotar uma aeronave no mundo foi Aida de Acosta, uma entusiasta da aviação à época? Ela pediu a Santos Dumont que a ensinasse e, após algumas lições, em Paris, conseguiu pilotar o dirigível, deixando sua marca na história da aviação.
Sobre sua personalidade, Santos Dumont era muito desprendido, idealista e generoso, enxergava a aviação como algo que traria o voo do homem, podendo facilitar o transporte e a união entre nações. Inclusive, divulgava abertamente suas pesquisas, indagações e os planejamentos de suas criações, nunca patenteou nada. Seu falecimento ocorreu principalmente vindo de uma agonia crescente em sua vida desde 1914: o uso dos aeroplanos na guerra. Em 23 de julho de 1932, Dumont põe fim à sua vida, inconformado, entristecido e sentindo-se culpado pelos aviões usados para o ódio e a destruição.
O estado de nascimento do inventor, Minas Gerais, nunca esqueceu de seu notável cidadão. A Medalha Santos Dumont, criada em 1956, pelo então governador José Francisco Bias Fortes, comemorando os 50 anos do primeiro voo no 14-bis, é concedida às personalidades com atuação de destaque no estado. A cerimônia aconteceu na Fazenda Cabangu, onde ele foi criado. Mas, e o Palácio da Liberdade nessa história? Além de ter a exposição da medalha, aqui, você também encontra o quadro de Santos Dumont assinado por Maria Luiza, exposto na Sala de Retratos, espaço dedicado a figuras notáveis de Minas Gerais.
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A visitação e a programação educativa/cultural do Palácio da Liberdade contam com patrocínio master da Copasa, realização do Governo do Estado de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, Fundação Clóvis Salgado e do Circuito Liberdade. A correalização é da APPA – Arte e Cultura, através do Termo de Parceria firmado em 2023. As atividades culturais do Palácio da Liberdade integram o programa Minas Criativa.
Foto: Poly Acerbi