Mostra integra o circuito itinerante do projeto de mesmo nome e será aberta a visitações a partir de 19 de julho, com entrada gratuita
O Palácio da Liberdade, sob a gestão da Fundação Clóvis Salgado e integrante do Circuito Liberdade, abre suas portas para receber a exposição “Acervo de Compositores”. Essa é uma importante etapa do projeto de mesmo nome, que alça voo além dos muros de São João Del Rei e Tiradentes, berço do projeto, consolidando seu formato itinerante e mostrando ao grande público de Belo Horizonte, a riqueza de um trabalho pioneiro. A exposição ficará aberta a visitações até 13 de agosto, com entrada gratuita.
O Palácio da Liberdade é um dos patrimônios históricos mais importantes de Minas Gerais, e é o local ideal para abrigar essa mostra singular. Assim como o projeto Acervo de Compositores, que utiliza tecnologia para preservar partituras centenárias, o Palácio, inaugurado no final do século XIX, também se vale de uma nova museografia para apresentar, de maneira interativa, parte relevante da história de Minas e do Brasil. Com a integração de mídias digitais, áudios e vídeos, a exposição harmoniza-se com o cenário eclético do Palácio, acendendo, mais uma vez, o debate sobre o uso da tecnologia na preservação do patrimônio histórico.
Sobre a exposição
No espaço denominado Aquário, localizado nos Jardins do Palácio da Liberdade, dez grandes painéis em canvas destacam-se, exibindo 12 obras de compositores de destaque. Entre eles, podemos citar Padre José Maria Xavier, José Maria Neves, Geraldo Barbosa de Souza, Vicente Valle, Benigno Parreira, Ireno Batista Lopes, Oswaldo Cecilio de Paula, João Américo da Costa e Antônio Américo da Costa. Essas preciosidades musicais, incluindo algumas obras inéditas, foram eternizadas por meio da transcrição virtual do projeto Acervo de Compositores, que contou com a colaboração de diversas entidades e seus acervos. Destacam-se entre elas o Centro de Referência Musicológica José Maria Neves (CEREM), a Orquestra Lira Sanjoanense, a Orquestra e Banda Ramalho, de Tiradentes, a Lira Ceciliana, da cidade de Prados, além de acervos particulares como os de Oswaldo de Paula e Geraldo Barbosa de Souza.
A exposição proporciona uma interatividade única com os visitantes, graças à utilização do QR Code impresso em cada painel. Ao escanear o código, o público tem acesso completo à obra transcrita, permitindo uma imersão ainda mais profunda nas composições. Esse encontro entre a tecnologia e a história é especialmente valioso para a proteção e divulgação de acervos históricos, ressaltando o potencial da inovação para enriquecer nossa apreciação cultural. Ao lado dos painéis no Aquário, a exposição cresce com a mostra de instrumentos musicais antigos cedidos pelo CEREM e demais parceiros.
O Salão de Banquetes do Palácio da Liberdade também se faz presente na exposição, onde 15 partituras originais, cuidadosamente emolduradas, deslumbram os visitantes. São verdadeiras relíquias de um tempo em que as notas musicais eram meticulosamente escritas à mão, demonstrando a delicadeza e o perfeccionismo dos compositores da época.
Exposição inaugural
A primeira exposição do Projeto Acervo de Compositores, de 15 a 21 de maio deste ano, foi no Museu de Sant’Ana, em Tiradentes. Com excelente repercussão e sucesso de crítica e público, a coordenação do Projeto busca repetir os acertos, inovando e buscando soluções de acordo com os novos espaços.
Em Tiradentes, cidade que preserva corporação musical bicentenária, a exposição despertou o interesse da população e, sobretudo, dos turistas. Aspartituras que registram o talento e a sensibilidade de compositores mineiros se uniram à fé de artistas anônimos do Museu de Santana, que guarda 293 imagens da santa protetora da família e dos mineradores. Em sua maioria de artistas anônimos, de origem, estilo e técnicas variadas, o acervo, sem similar no país, foi reunido ao longo de quatro décadas e doado pela colecionadora Ângela Gutierrez através do Instituto Flávio Gutierrez.
Sobre o Projeto Acervo de Compositores
O Acervo de Compositores é um projeto pioneiro e revolucionário no campo da manutenção de arquivos musicais, muitas vezes escondidos em acervos particulares ou com acesso restrito, aos integrantes das corporações – orquestras ou bandas – das cidades mineiras. Através do projeto Acerbo de Compositores, abre-se uma janela para o mundo e tesouros musicais podem ser revelados e compartilhados com músicos de todos os continentes, numa troca enriquecedora.
Isso foi possível através de parcerias consolidadas com as orquestras bicentenárias Ribeiro Bastos, Lira Sanjoanense, Orquestra e Banda Ramalho, de Tiradentes, Lira Ceciliana, de Prados e o Centro de Referência Musicológica José Maria Neves (Cerem).
Tudo isso porque o Acervo de Compositores trabalha com a transcrição de partituras dos principais compositores mineiros dos séculos XVIII, XIX e XX, muitas vezes manuscritas, ou em condições precárias, fazendo a transcrição para o formato Music XML, escolhido por ser gratuito e compatível com vários programas leitores. Este trabalho é executado pelo cantor e professor Ney Gouvea. A coordenação musical está a cargo da flautista e professora Salomé Viegas, a quem coube o complexo processo de pesquisa e seleção de compositores e acervos (públicos e particulares), além dos concertos e a coordenação geral do projeto é feita pelo Adriano Resende Margotti que é gestor cultural e o idealizador do projeto.
O objetivo é preservar as obras e possibilitar seu acesso a nível mundial, promovendo a democratização de conteúdos musicais até então destinado a corporações locais. Esse voo além dos quintais mineiros não só difunde e engrandece a cultura da música produzida em Minas, mas garante a permanência de acervos fadados a desparecer pela ação do tempo.
O Projeto Acervo de Compositores teve início em 2012, quando foi inscrito no Ministério da Cultura através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura, e hoje já soma cerca de 90 obras transcritas, contemplando mais de 20 compositores, entre os quais Antônio dos Santos Cunha, Martiniano Ribeiro Bastos, Presciliano José da Silva, Padre José Maria Xavier, Geraldo Barbosa de Sousa, Vicente Valle, José Maria Neves, Teófilo Helvécio Rodrigues, Benigno Parreira, Oswaldo de Paula, Antônio Américo da Costa e muitos outros.
O acervo virtual também unificou o material de pesquisa facilitando seu acesso em qualquer parte do mundo. O Acervo de Compositores é o único site que disponibiliza partituras, em meio digital, de compositores brasileiros de todas as épocas, transcritas com acesso liberado. Todo esse conteúdo virtual de partituras está disponível para acesso e download gratuito pelo site Acervo de Compositores.
Desde 2022, o Projeto Acervo de Compositores tem o patrocínio da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), o que possibilitou a retomada dos trabalhos e expansão da equipe, com resultados cada vez mais eloquentes.
Neste concerto de encerramento da Exposição Virtual de Partituras a Camerata tem a participação especial da flautista Salomé Viegas, presidente do Centro de Referência Musicológica José Maria Neves e coordenadora do Projeto Acervo de Compositores. A criação da Camerata reflete a necessidade de apresentar ao público o resultado dos conteúdos digitalizados, ou seja, as partituras transcritas, estabelecendo um intercâmbio musical que compartilha saberes, muitas vezes com sotaque mineiro.
Exposição “Acervo de Compositores”: Palácio da Liberdade. De 19/7 a 13/8, Quarta a sexta-feira: de 12h às 17h30 (último horário de entrada às 17h), com Jardins até 18h / Sábado e domingo, de 10h às 16h30 (último horário de entrada às 16h), com Jardins até 18h. Entrada gratuita.
Foto: APPA/Divulgação